domingo, 1 de dezembro de 2013

SENSEI KAWAMURA: UM EXEMPLO PARA SEMPRE

           O ano era 1977. Ainda menino, quase um rapaz, tive o privilégio de conhecer pessoalmente o mestre Hayashi Kawamura. Era uma tarde de uma segunda-feira. O meu professor de karatê era aluno do sensei Kawamura e me deu esse presente: levar-me a conhecer o mestre. O meu professor estava se aquecendo, junto com todos os outros alunos, quando o mestre entrou no salão. Todos, unanimemente, em um só momento, saudaram-no com o cumprimento: “Oss!”. Ele, o mestre, curvou-se também e nos cumprimentou (digo nos cumprimentou, pois aproveitei a oportunidade e me curvei com todos, não podia perder esse privilégio). Eu estava sentado num banco ao lado assistindo o treino. Estava diante de um mito e também a pessoa mais honrada e mencionada pelo meu professor em todas as suas aulas. Não parei de fitá-lo a todo o instante durante toda a aula. Ele com o bastão e com a mão corrigia a cada um dos seus alunos, com um leve riso de prazer e muita consideração no olhar. Sensei Kawamura estava ali em minha frente e era justamente aquela pessoa que o meu professor tanto admirava e nos ensinou a admirar.

            Havia um detalhe que devo mencionar: o mestre sabia que éramos da Zona Norte (subúrbio da cidade) e o meu professor treinava sem pagar mensalidades, pois o mestre sabia que ele era carente e não tinha condições para isso. Passado esse primeiro contato, sempre que podia eu ia assistir às aulas do mestre. Ficava no mesmo banquinho, ao lado, sentado. Porém, a emoção é como se estivesse treinando entre os alunos dele. No mês de maio, me submeti, nesse mesmo ano, a um exame de faixa. O examinador: mestre Kawamura. O local de exame: a sua associação. A emoção tomava conta de todos. Fiquei temeroso de cometer erros. O meu professor percebeu o nosso temor e passou a nos tranquilizar. No final do exame, o mestre chamou-me à frente e disse: “Você menino muito bom! Muito bom mesmo! É aluno de Fulano, não?!” Então o meu professor tomou a dianteira e disse: “Não, sensei. Ele é meu aluno!” A alegria tomou conta de nós, os meninos da Zona Norte, que foram prestar exame de faixa diante tão grande autoridade em artes marciais e, sem esperar, recebemos esse elogio como um grande prêmio e incentivo para o resto de nossas vidas. Até hoje, um grande número de nós, continua a estudar e praticar o karatê, mesmo sem o privilégio de estar no dia-a-dia junto com esse mestre. Apesar de tantos anos nos separar daquele dia, guardo as lembranças, cada momento, e as palavras de incentivo e de sabedoria ministradas por ele. Se hoje alguém me perguntar: “a emoção e a vontade de aprender passaram?”, eu diria: “não!” Mesmo sabendo que o tempo passou, continuo estudando e pesquisando sobre o esporte como se o incentivo e as palavras do mestre Kawamura estivessem sendo faladas comigo a cada manhã.


domingo, 24 de novembro de 2013

Benefícios da Prática do Kata

            O kata, além de ser uma luta imaginária, sem um oponente visível, nos proporciona um condicionamento físico, aeróbico, fortalecendo com a sua prática diária todo o nosso corpo, principalmente, músculos, nervos, pulmões, coração e também a nossa mente.
            O praticante do kata passa a aprender a usar e ocupar os dois lados do cérebro, assim como a fazer bom uso dos membros inferiores e superiores (pernas e braços, respectivamente) de maneira igual, independente de ser destro e/ou canhoto. Um praticante assíduo de kata, além de adquirir mais reflexos, mais elasticidade, um autocontrole do seu corpo e mente, também tem a certeza de estar sempre apto, quando necessário, a exercer a sua autodefesa e até a de terceiros, fazendo uso prático de tudo que aprendeu com o estudo constante e treinamentos do kata.
            O praticante do karatê e, consequentemente, do kata, tem a certeza de envelhecer com vigor, com equilíbrio e a segurança de estar se mantendo firme “como uma rocha” mesmo numa fase difícil de nossa existência, que é a velhice, o amadurecimento dos sinais do tempo no nosso corpo.
            O kata quando praticado e passado de mestre ao aluno, de pai para filho, assim como a prática do karatê como um todo, se faz além da prática físico-esportiva, um repasse e continuação de uma tradição que vem por centenas de anos permeando a vida do estudante do karatê, seja mestre ou aluno, iniciante ou veterano, porém ambos contribuindo para a perpetuação do kata e sua história.



sábado, 16 de novembro de 2013

Resumo da história do karatê

A arte marcial conhecida de Okinawa é o karatê, criada no final do século XIX, como uma arte de defesa pessoal e foi chamada de Tê, tendo sua origem por volta do século XV. Com o aumento do intercâmbio cultural e comercial com países da Ásia é provável que o Tê se desenvolveu a partir desse intercâmbio, também com o possível contato com as defesas pessoais chinesas, como o Totê. Como resultado da invasão de Satsuma, no ano de 1609, o karatê começa a se desenvolver ainda mais devido a proibição de armamento que se manteve por mais de trezentos anos. Porém, o treinamento do karatê se dava secretamente pelas famílias aristocratas, passando de pai para filho. No final do século XVII, meados do XVIII, da junção do Tê de Okinawa com o Totê, da China, surge o karatê de Okinawa. Com o desenvolvimento do karatê, ele começa a tomar a forma que conhecemos hoje. Quando Okinawa se libertou de Satsuma e passou a fazer parte do governo japonês, o karatê passou a ser praticado abertamente a todos da população, sendo incorporado no Programa de Educação Física das Escolas Públicas de Okinawa, em 1904. Em 1922, Funakoshi Gishin apresenta pela primeira vez, no Japão, essa arte e, assim, ela começa a ser mais conhecida. Em 1931, é reorganizada oficialmente por uma associação encarregada de sistematizar as artes marciais, a Nihon Butuku Kai. Com o advento da II Guerra Mundial, o governo militar americano proibiu a prática do Judô e do Kendô por considera-los elementos bélicos. Devido a isso, a prática do karatê ganhou popularidade no Japão e, desse, para o mundo.